Agricultores e representantes de mais
de 30 comunidades estiveram presentes
Mais de 400
pessoas, entre agricultores, indígenas, assentados, acampados, professores técnico
e universitário e estudantes, participaram, no último sábado (4), do primeiro
Dia de Campo realizado pelo Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), Teia dos Povos,
Consórcio Intermunicipal da Mata Atlântica (CIMA) e o Instituto Ecobahia.
Participaram pessoas de mais de 30 comunidades dos municípios que fazem parte do
CIMA. A ação piloto aconteceu no Assentamento Terra Vista, no município de
Arataca.
Na oportunidade,
o público teve acesso a oficinas sobre sistemas agroflorestais, técnicas de
plantio e horta orgânica, além de levar para casa um dos kits de mudas
disponibilizados pelo Biofábrica, contendo cacau, pupunha, urucum, goiaba e
banana; mandioca; ipê, leucena, pau cigarra, pau-brasil e olho de pavão. Foram
mais de 21 mil mudas distribuídas aos agricultores somente neste evento.
“Achei o dia de
campo de uma grande importância. Quero aprender a plantar e colher da melhor
forma e sei que aqui consigo aprender. O Instituto Biofábrica é uma boa parceria
que estão trazendo para a gente”, avaliou o agricultor Adevaldo dos Santos, de 56
anos, do Assentamento Santa Fé. De acordo com o diretor-geral do IBC, Lanns
Almeida, dias de campo continuarão sendo realizados em diversos municípios da
região e se estenderão a outros territórios conforme planejamento participativo
entre o Biofábrica e a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
"Com as
mais de 21 mil mudas desse Dia de Campo, contabilizamos a distribuição de
223.340 mudas em quatro meses de gestão, entre convênio com a Seagri-Secretaria
de Agricultura Irrigação e Reforma Agrária e a Secretaria de Desenvolvimento
Rural. Essa ação que implantamos agora tem muita importância para a região, porque
para essa gestão não basta só produzir mudas, é importante que as mudas cheguem
aos agricultores e agricultoras e produzam, além de que façamos das entregas
momentos festivos e de verdadeiras qualificações", destacou Lanns Almeida.
Para o
representante do Assentamento Terra Vista, Joelson Ferreira de Oliveira, a nova
parceria com o Biofábrica começa a dar frutos. “Há tempo buscamos a parceria com
o Instituto Biofábrica para fortalecer o desenvolvimento regional. Nós saímos
do discurso e estamos indo para a prática”, disse. O próximo Dia de Campo será
realizado no dia 11, no Acampamento Dilma Rousseff, município de Pau Brasil.
Representações
Estiveram
presentes nessa primeira ação o presidente e vice-presidente do Consórcio
Intermunicipal da Mata Atlântica, Antônio Guilherme dos Santos e Alberto Rocha,
respectivamente. “Encontros como esse realmente precisam ser multiplicados nos
vários municípios do território, porque vemos integração entre ciência,
necessidade de produção e preservação ambiental. Isso é que vai dar saída para a
escassez do produto que sustenta a vida, a água”, avaliou o vice-presidente do
CIMA.
“Precisamos de técnica
e tecnologia para uma alternativa na plantação. O que me preocupa hoje é a
água, porque no sul da Bahia os terrenos não são bons, precisamos do governo,
os agricultores familiares, principalmente. Lá tem 11 assentamentos; o povo está
animado. Com esse apoio da atual Biofábrica, que já distribuiu 50 mil mudas em Santa
Luzia, as coisas começam a melhorar”, completou o presidente do consórcio.
Também esteve
presente no evento o Cacique Nailton Muniz Pataxó, da associação Ibitira Porang
e do Posto Indígena Caramuru, que destacou a parceria com o Instituto
Biofábrica de Cacau. “As comunidades indígenas precisam participar desses dias
de campo para ganhar experiência, conscientizar seu povo, enriquecer nossa
região, nossa natureza. Nós estamos na luta para preservar essas associações e
precisamos muito dessa parceria com a Biofábrica, na pessoa do Lanns, que já
conheço e tem boas intenções para trabalhar no desenvolvimento regional”,
afirmou. O líder indígena também faz parte da Teia de Agroecologia.
Dentre os
professores que participaram do encontro estava Milton Ferreira da Silva Júnior,
da Universidade Federal do Sul da Bahia, engenheiro agrônomo, especialista em desenvolvimento
e gestão ambiental, mestre em sociologia rural e doutor em educação. “O importante
é mostrar essas experiências de sistemas agroflorestais em assentamentos. O
fomento feito pela Biofábrica, fornecendo mudas de essências e frutíferas, em
parceria com universidades e Ater [Assistência Técnica e Extensão Rural], é
importante para capacitar esses agricultores para que sejam mais eficientes e
econômicos, que eles consigam trabalhar com projetos, formação de preços,
elaborar promoções, até que os assentamentos tenham um portfólio com
produtividade, justiça social e sustentabilidade. Se essas experiências puderem
ser multiplicadas em outros assentamentos, será muito positivo”, avaliou.
Agricultores
A enfermeira Eliana
José dos Santos, 43 anos, do Monte Aperam Caueba, pretende se aprofundar no
aprendizado sobre agricultura. “O nosso grande interesse é aprendermos mais,
ficarmos cientes das produções que estão se perdendo e de alguma forma fazer voltar
a florescer”, disse. Assim como Marizete Macedo, de 65 anos: “quero aprender a
lidar com hortaliças e com cacau, para aplicar na minha área”.
“Eu espero
aprender mais e mais, desde pequena mexo com terra e quero saber lidar com
cacau e café, eu já trabalho com mandioca e abacaxi em casa”, falou Maria
dajuda Oliveira dos Santos, 56 anos, também de Aperam Caueba. O agricultor Robson
de Jesus, 38 anos, do município de Una, destacou a relevância do evento para o
fortalecimento da agricultura regional. “Tudo que vem pra beneficiar o
agricultor é bem-vindo. Somos pessoas que investem, mas se não tivermos o apoio
das instituições, não somos ninguém. Esse dia de campo é muito importante,
parabenizo aos organizadores. É muito bem vindo para todos da região cacaueira”.
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